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CMD, SEXTA-FEIRA 11.03.2022 – “Se alguém varre as ruas para viver, deve varrê-las como Michelângelo pintava, como Beethoven compunha, como Shakespeare escrevia” (Martin Luther King). Quanta excelência em uma varrição! É o que vem à cabeça de muitos ao observarem a varredeira Dona Cleuza durante o expediente. Ela varre as ruas como se estivesse limpando a sua própria casa: limpa, tira o pó, arranca o mato que cresce nas calçadas, ajeita a pá e recolhe tudo. Sempre sorrindo, saudando a todos com bom dia, boa tarde... Essa senhorinha de lenço na cabeça conquistou os conceicionenses por sua simplicidade e, principalmente, pelo zelo e amor que nutre pela cidade. Portanto, hoje temos a honra de contar a história dela na série Personalidade de Conceição. 

Cleuza de Fátima Januário Silva, a Dona Cleuza, nasceu no dia 30 de abril de 1959, em Dom Joaquim. É filha dos saudosos Sr. Joaquim Celestiano e a Srª Raimunda Euscarina. “Morei pouco tempo em Dom Joaquim. Durante a minha infância, a vida era muito difícil, não tínhamos nem o que comer, não gosto nem de me lembrar. Meu pai buscava taquara no mato para fazer esteira e com isso tirava o nosso sustento”, contou. 

Com o falecimento do Sr. Joaquim Celestiano, Dona Cleuza lembra que precisou amadurecer antes do tempo e vivenciar uma realidade ainda mais difícil. “Quando meu pai faleceu, eu era ainda criança, aí sim a situação da família piorou muito. Minha mãe veio morar em Conceição com 12 filhos, todos nós pequenos. Era tanto sofrimento, eu saía para pedir resto de comida”, recordou a mulher forte que venceu.

“A gente passava muita fome, mas minha mãe conheceu um amigo que nos ajudou muito. Ele passou a dar cesta básica, material escolar, enfim, cobriu boa parte de nossas necessidades. Juquinha Santana, nunca vou esquecer o nome dessa pessoa generosa”, enfatizou. Quanto aos estudos, não foi possível conclui-los. “Fiz até a antiga quarta série e parei, eu ajudava minha família buscando lenha.  Na época, minha mãe trabalhava como doméstica e levava comida para trabalhador em campo. Nós filhos íamos com ela para ver se sobrava resto de comida, era assim que nos virávamos”. 

O tempo se passou, Dona Cleuza cresceu, se tornou moça e logo conheceu Antônio Geraldo Nascimento Silva, o Seu Iaiá do Corte. “Nós tivemos oito filhos: Sérgio Augusto (in memoriam), Juliane, Junia, Janete, César, Jeferson, Joelma e Jussara. Ao todo, são 19 netos e três bisnetos, uma família mais do que maravilhosa”.

Empoderada, determinada, enfim, uma mulher que não desiste, Dona Cleuza participou de um concurso da Prefeitura de Conceição do Mato Dentro e foi aprovada. “Passei para serviços gerais e há 30 anos trabalho na prefeitura, com muito orgulho e felicidade sou varredeira, é assim que gosto de ser chamada, de varredeira. É um serviço pesado, mas digno, não trocaria por nenhum outro trabalho”, comemorou nossa personalidade. 

“Amo o que faço, varro e ainda lavo roupa nas mãos, com todo esse tempo de trabalho me sinto muito forte. Sei que a minha aposentadoria se aproxima, mas não quero parar. Peço a Deus para continuar me dando essa força e saúde para eu continuar a varrer por muitos e muitos anos”, gargalhou completando que: “minha felicidade é acordar, chegar em meu trabalho, bater ponto e sair para minha labuta cheia de alegria. Repito, tenho muito orgulho do que faço”, finalizou. 

Essa é uma singela homenagem da Prefeitura de Conceição do Mato Dentro à Dona Cleuza da varrição, essa senhora alegre, que cuida da cidade com tanto amor e carinho e ainda contagia a todos com a sua humildade e sorriso radiante. 

PREFEITURA DE CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO 
JUNTOS POR UM NOVO TEMPO