CMD, SEXTA-FEIRA 30.04.2021 – “O meu amanhecer tem o cantar do galo, o cheiro do mato com gota de orvalho. E é tão gostoso beber um café olhando o sol nascer. Pego meu cavalo e saio pelo pasto, toco meu berrante apartando o gado. Sei que sou caipira, mas vivo melhor morando aqui no mato” (Trio Parada Dura). O clássico sertanejo “Vivendo aqui no Mato” do Trio Parada Dura, é um exemplo do que para muitos são coisas simples, mas que para o verdadeiro homem do campo têm valores incalculáveis. Você que aprecia o jeito único de viver na roça, pegue o seu café quentinho coado no pano que hoje é dia de “Personalidade de Conceição” e teremos a honra de ver por aqui, o conceicionense Pedrão do Gondó, que no alto dos 85 anos se considera um caipira raiz e não troca a vida no interior por capital nenhuma no mundo.
Pedro José Soares conhecido como Pedrão do Gondó, nasceu no dia 28 de novembro de 1935, em Brumado, comunidade do distrito de Córregos. “Minha mãe se chamava Maria José de Souza e o meu pai Geraldino Madureira Soares. Ainda na minha infância, meus pais se mudaram para a região do Gondó cujo o nome era Baú do Português. Fui uma criança muito alegre, brincava com o que a gente tinha na roça. Passeava no meio das criações, ajudava a aguar as plantas, era muito diferente de como é agora. Hoje as crianças só querem televisão e telefone, não sei bem como se chama, mas falo daqueles brinquedos que ficam piscando”, contou o Seu Pedrão que corre da tecnologia e prefere viver de forma analógica.
Apesar de ter tido uma infância que considera diferenciada, a trajetória de vida no campo não é fácil e logo Pedrão do Gondó começou a trabalhar. Diferentemente do que você pode estar imaginando, ele não foi para o cabo da enxada. “Em minha adolescência, trabalhei um bom tempo em uma linha de Correios, eu percorria a região de Tapera, Córregos e Costa Sena. Nessa época, lembro que carregava altos valores em dinheiro, mas não tinha medo algum, pois andava armado (risos)”, gargalhou ao relembrar. Com as risadas contagiantes, não saberemos se a história da arma é verdadeira, mas ele garante que tinha a missão de ser responsável com o seu trabalho.
Além de valente, Seu Pedrão foi um jovem galanteador e afirma com propriedade que conquistar as mulheres era algo que fazia com maestria. “Quem me vê mais idoso não imagina o meu charme quando eu era moço. Sempre sai arrumado e fui um paquerador de mão cheia, conquistava as mulheres com facilidade. Mas sem deixar as responsabilidades de lado, tanto que cheguei a morar em cidade grande. Fui para São Paulo e fiquei um tempo por lá e depois fui para Nova Lima, um município perto de Belo Horizonte”, relembrou nosso personagem.
Ao retornar para Conceição, Seu Pedrão que já era um homem feito conheceu uma jovem que lhe despertou interesse como nenhuma outra havia despertado. A fama de namorador estava prestes a acabar, pois seu coração acabara de ser ocupado. “Na década de 70, conheci a Idelma Texeira Soares com quem me casei e formei minha família. Juntos nós tivemos seis filhos: Matuzalém que faleceu, Magda, Pedro, Arinalva, Maíra e Marciana”, explicou o patriarca ressaltando que todos são bem casados. “Tenho um casal de netos e estamos à espera de mais um. Eles são a alegria da minha vida”, completou o vovô coruja.
Hoje viúvo, o idoso conta que não é fácil perder uma esposa e nem tampouco um filho. “Eu perdi minha esposa e meu filho, mas eu consegui seguir com a vida, com muitas dificuldades, mas segui. Precisamos entender a vontade de Deus e o que Ele quer para cada um de nós, não é mesmo?”, indagou Pedro do Gongó completando que tem uma vida confortável e da forma que sempre desejou.
Como a caminhada pela vida costuma ser árdua, Seu Pedrão precisou trabalhar muito para hoje poder desfrutar das suas conquistas. “Sempre plantei, fiz cachaça e fui até garimpeiro, tudo para garantir o sustento da minha família”, ponderou. Atualmente, o idoso se considera feliz: “sou uma pessoa bastante ativa faço caminhada, ajudo nos afazeres da casa, cuido de galinhas, de passarinhos e auxílio minhas filhas nas encomendas de quitandas”, enfatizou o quitandeiro do Gondó.
Seu Pedrão descobriu recentemente mais uma paixão em sua vida. “Tenho uma cachorrinha com o nome de Malu, muito carinhosa e fiel a mim que não me larga. Acredita que até a missa ela assiste comigo? É o meu xodó”. Ele não se esquece de mencionar uma pessoa muito importante em sua vida: “fui muito feliz com a minha esposa até que Deus a levou, mas, sou grato a ela. Era uma pessoa muito especial e que me ajudou em tudo. Sinto muita falta dela”, se emocionou.
Atualmente, ele transforma a saudade por sua amada e pelo filho que se foi em carinho aos demais filhos e netos. “Tenho meus filhos e netos, e eles são tudo para mim. Às vezes as pessoas se preocupam comigo, aí tenho uma frase que costumo falar com os meus amigos quando eles me perguntam como eu estou. Caso esteja tudo bem comigo eu respondo: ESTOU AQUI OLHANDO O PERIGO E COMENDO O QUE ESTÁ FEITO”, finalizou Seu Pedro Soares, o querido Pedrão do Gondó.
Essa é uma singela homenagem da Prefeitura de Conceição do Mato Dentro ao Pedrão do Gondó, esse senhor que exala simplicidade e contagia com seu jeito simples e matuto de ser.
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