CMD, SEXTA-FEIRA 16.04.2021 – Já pensou em ser feliz pelo que você é e enxergar a beleza da vida na simplicidade das coisas? Há quem consiga dar valor ao nascer e repousar do sol, ao cantar do galo, ao cheiro de mato, ao café coado no pano, ao pãozinho com manteiga, broa de fubá e queijo na mesa, a mistura do arroz com feijão, ao sorriso de uma criança, ao bom dia do vizinho e, principalmente, ao despertar a cada dia. Estamos falando de gente da roça, de ser humano de verdade, de alma nobre, de coração puro… Por aqui, pelas “bandas” de Conceição do Mato Dentro tem muita gente assim, mas hoje quem recebe os adjetivos de “ser mineiro” é o Seu Mané Gato, lá do bairro Matozinhos, nosso homenageado do quadro “Personalidade de Conceição”.
Conversado que só ele, no alto dos 93 anos, Seu Mané Gato relembra a sua história de vida com alegria. “Meu nome é Manoel Horta Saldanha, sou filho de Augustina Maria de Saldanha e Ernesto Teixeira Horta. Nasci em Conceição do Mato Dentro, no dia 17 de junho de 1928. Passei a infância e juventude por aqui mesmo. Esse apelido de Mané Gato foi um amigo que tive quando eu era criança que me apelidou e pegou”.
Com muita simplicidade, ele conta que casou-se com a saudosa Dona Risoleta Moreira de Souza e teve um “bocado” de filhos. “Foram sete no total: Alba, Butão da oficina, Chiquinho da oficina, Estanilau (Nilau), Ladinho da oficina, Nair e Jairo (Bilu). Quando me casei, nós morávamos no povoado de Gondó, quando a Risoleta nos deixou, mudamos pra cá e estamos morando aqui na cidade desde então. Em Gondó eu vivi uns 40 anos”, relembrou o ancião.
Quem vê esse senhor pacato, não imagina o quanto já trabalhou e batalhou para criar a sua família, garantindo o sustento dos sete filhos. “Por muitos anos eu segurei o cabo da enxada e lutei muito na roça. Quando vim para a cidade, passei a ser motorista na Prefeitura e lá fiquei bastante tempo, mas perto de me aposentar realizei o sonho de ser taxista. Rodei Conceição toda a região dirigindo o meu táxi”, contou Seu Mané Gato que comemora a criação dos filhos e agora curte os 24 netos e 20 bisnetos.
Os 93 anos insistem em trazer alguns lapsos de memória, no entanto, Seu Mané Gato não se esquece de um amigo em especial. “Eu sempre falo e volto a repetir, o Zé Fernando é meu amigo. Sou amigo do prefeito da cidade sim. Ele é tão meu amigo que um dia estive no gabinete e ‘cê’ acredita que ele quis tirar um retrato comigo? Fiquei feliz ‘divera’! O Zé Fernando se levantou e falou para eu assentar na sua cadeira. Essa foto está ali no porta-retrato, pode olhar”, comemorou ao se recordar da amizade.
Atualmente, a maior ocupação do Seu Mané Gato é cuidar da horta e outras plantações que tem no seu quintal. “Isso aqui é uma maravilha, caminho no meio das minhas plantas, eu mesmo cuido de todas. Planto e colho, rego todos os dias e muitas vezes ainda comemos o que tem por aqui. Ninguém me amola ou perturba, eu vivo muito em paz”, detalhou o anfitrião da família Horta Saldanha.
Apaixonado por Conceição e tudo que conquistou, Seu Mané Gato diz que não pretende sair do município e também afirma não desejar outra vida. “Acordo cedo, faço as minhas coisas e ainda tomo o meu café. Não quero mais nada não, minha gente! Estou satisfeito aqui na minha terra”, finalizou o nosso personagem.
O típico cidadão conceicionense, que veste calça de linho, camisa social, usa chapéu para cobrir o rosto do sol e senta na beira do fogão à lenha para tomar café a tarde, se despediu sem muita delonga e também não permitiu que outras pessoas contassem a sua história. Apesar do timbre de voz mais baixo e, às vezes, confuso, Seu Mané Gato segue forte, cheio de saúde e vontade de viver, inspirando seus familiares, os vizinhos lá do Matozinhos e da comunidade do Gondó onde residiu por muitos anos.
Essa é uma singela homenagem da Prefeitura de Conceição do Mato Dentro ao Seu Mané Gato, esse mineiro cheio de mineiridade, que exalta a vida e seus valores com muita simplicidade e ao mesmo tempo com nobreza. Viva, o conceicionense! Viva, o mineiro!
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