Trabalhadores contribuem para saturação do sistema de saúde
Ana Paula Pedrosa/Pedro Grossi/Queila Ariadne
Conceição do Mato Dentro e Extrema. Quando cidades pequenas recebem grandes indústrias, ganham investimentos, atraem faculdades para capacitar a mão de obra, mas também ganham o desafio de administrar os impactos sociais, que não são poucos. Mais gente vem para trabalhar no município e cria demanda para uma infraestrutura que nem sempre é capaz de absorver a sobrecarga no sistema de saúde, na educação e até mesmo na segurança.
A situação é comum em Extrema que, com a explosão industrial, é obrigada a importar mão de obra. A cidade tem um hospital público-privado, que atende 7.000 pessoas por mês, além de um pronto-atendimento e vários postos de saúde. Mas não é só quem mora lá que usa a rede.
Quem vem fazer a vida também é usuário em potencial. Gente como os quatro amigos recém-chegados de Alagoas, que, na porta da Bauducco, comemoram um contrato de seis meses. “Deixamos família e queremos voltar. Foi um amigo nosso que trabalhou aqui que nos indicou. Outro conhecido nosso arrumou aluguel e estamos pagando R$ 250 por mês, cada um”, conta José Carlos de Souza, 31.
Além dos 30 mil habitantes, Extrema tem uma população flutuante de cerca de 3.000 pessoas, que vão e voltam todos os dias, vindos de municípios vizinhos. “Em Itapeva, onde eu moro, infelizmente, a saúde é um caos. Quem tem plano vem para Extrema, no hospital, quem não tem, vem para Extrema, pelo SUS”, conta Liliane Rufino, que faz suas consultas em Extrema, onde trabalha.
“Eles não incham a infraestrutura, pelo contrário, é muito melhor contar com parcerias como essas do que receber milhares de pessoas para morar na cidade, pois, quanto mais famílias chegam, mais a saúde pública é sobrecarregada e mais filhos precisam de escolas”, avalia o prefeito de Extrema, o médico Luiz Carlos Bergamin.
O prefeito anuncia a construção de um novo hospital, cujo pronto-socorro será inaugurado ainda neste ano. “O desenvolvimento tem seu ônus, e estamos sempre preocupados em fazer a estrutura antes de a demanda acontecer”, destaca.
Conceição do Mato Dentro. A situação é mais crítica em Conceição do Mato Dentro, na região Central, onde a Anglo American está construindo uma planta e chegou ao pico de 4.000 funcionários na obra.
Segundo a secretária municipal de Saúde, Paula Graciano, o único hospital privado funciona basicamente para atender os funcionários da empresa. “Nossa estrutura (uma policlínica e três unidades básicas de saúde) está no limite para atender os cerca de 17 mil moradores”, diz Paula.
Fonte: O TEMPO