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OUT
01
01 OUT 2021
CMD ACONTECE
PERSONALIDADE DE CONCEIÇÃO: LABATU, O ILUSTRE MARUJEIRO DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE CANDEIAS 
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CMD, SEXTA-FEIRA 01.10.2021 - "Os cabelos, cor de prata fosca, emolduravam lhe o rosto sereno, algum tanto arrugado, não por desgostos, que os não tivera, mas pelos anos. Os olhos luziam de muita vida, e eram a parte mais juvenil do rosto" (Machado de Assis). Apesar do semblante que atingiu os 88 anos de idade, da ação do tempo e da simplicidade, Labatu, o famoso e querido negro da comunidade quilombola de Candeias, ainda consegue transmitir serenidade.

Hoje, com os seus cabelos cor de prata fosca, é uma das maiores referências da cultura do município e lenda viva das tradições conceicionenses quando o assunto é Marujada e Festa do Rosário dos Pretos. Exaltando a cultura afro e com representatividade, é com muita honra que saudamos e recebemos Labatu na série Personalidade de Conceição.

Com muita humildade e uma gargalhada irreverente, Labatu conta que o seu nome é Geraldo Fernandes Candeia. "Minha mãe era Donária Costa de Jesus, o nome do meu pai não consigo me lembrar, ele morreu quando eu era menino ainda. Tive dois irmãos, mas também não consigo lembrar os nomes. Nasci em Candeias, era uma vida muito pobre, nunca estudei e a comida era diferente da de hoje. A gente não tinha quase nada, agora estamos muito bem, tem de tudo aqui, não era assim antes", detalhou sorrindo.

"Sou filho de escravos e consigo lembrar que estavam sempre trabalhando. Plantavam muito arroz, mandioca, feijão e milho para que a gente comesse. Eu tinha que ajudar, nem sei quando comecei, mas ajudava", relembrou acrescentando que a dona Donária era muito brava. "Uma vez eu fui mexer na comida, da aquela "oiadinha", enquanto minha mãe cozinhava, aí ela colocou meus dedos no fogo. Por isso meus dedos são assim", deu risada.

Sempre munido de um facão na cintura, os vizinhos de Labatu dizem que ele sempre foi do mesmo jeito, simples e de sorriso marcante, mas quando bebe além da conta é melhor correr. "Não faço mal a ninguém, o povo aí fica com medo quando tomo um "gulin". Preocupa não, tem nada não (risos)", brincou o ancião.

E por falar em bebida, Labatu não nega que gosta e faz questão de trazer à memória os bons momentos da juventude. "Quando peguei idade sai para trabalhar com um fazendeiro bem conhecido, o Carrim Picão, assim era chamado na região mesmo. A fazenda era em Conceição do Mato Dentro, gostava muito de trabalhar com ele, lá tinha tudo do bom e do melhor, comida boa, na hora certa, café e merenda e era bom demais. Há... lembrando da cachaça (risos)... essa eu podia beber todo dia era uma alegria", festejou Labatu.

Ainda sobre o emprego que satisfazia Labatu, ele afirma que 'Carrim Picão' foi bem conhecido e o ajudou muito. "Com o tempo meu pai morreu e eu fiquei com dó de deixar minha mãe sozinha, então resolvi voltar para fazer companhia para ela que estava ficando muito sozinha", destacou.

Sem modéstia, Labatu deixa claro a influência que conquistou na comunidade quilombola. "Como conheço todos em Candeias fui convidado a ser festeiro da Festa do Rosário, fiz umas duas vezes, chegando a ser rei. Depois virei marujeiro, saia, como saio até hoje, direto para outras comunidades dançando e cantando, é bom demais. Mesmo com a minha idade avançada me divirto bastante", detalhou acrescentando que toca e segue a tradição à risca com os cânticos e muita devoção.

"Uma vez em uma festa aqui em Candeias  teve um "brigão" e me levaram para a cadeia de Conceição, mas não fiquei preso não. Lá eu pedi a roupa de policia para eles e olha, ganhei. Eles falaram que eu tinha que cuidar das pessoas para elas não brigarem, e, "ocê" acredita que o povo passou a me respeitar (risos)... eu tenho a roupa ainda, vivo vestido com ela", brincou.

Como não contamos sobre filhos ou esposa, você leitor (a) deve ter curiosidade de saber porque. Labatu se revelou ao longo dos anos como um solteiro convicto. "Vou contar uma historia que guardo no meu coração, nunca casei, não tenho filhos. Hoje "é" eu e eu, mas sou forte e como sou (risos)... Eu tenho a minha casa e nem durmo nela, durmo na casa de familiares, como nos vizinhos, eles cuidam bem de mim. E, quando acordo cedinho corro para a escola. Epa! Vou tomar café com as professoras, gosto muito".

Para finalizar, ele conclui com a marujada. "Das minhas festas guardo a capa e a coroa, tudo bem guardado para não perder. Sou muito feliz e recebo tudo na mão, sou amigo de todos aqui e olha; sou o morador mais antigo daqui", se despediu Labatu. 

Essa é uma singela homenagem da Prefeitura de Conceição do Mato Dentro ao Labatu, figura encantadora da comunidade quilombola de Candeias. Sua humildade e simplicidade ainda não o permitiram perceber a importância e força que o seu nome tem na história de Conceição. Viva, a cultura afro-brasileira! Viva o nosso patrimônio, Labatu!

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