CMD, QUINTA-FEIRA 08.07.2021 – “Erguia-se para uma nova manhã, docemente viva. E sua felicidade era pura como o reflexo do sol na água” (Clarice Lispector). Lembrar da dona Tiana do Doce é verdadeiramente evidenciar a forma mais singela da doçura de uma pessoa. Ah, quanta saudade! Se estivesse conosco, completaria 78 anos nesta sexta-feira, dia 9 de julho.
Sebastiana Maria Malaquias, conhecida como Tiana do Doce, nasceu no dia 9 de julho, em 1943, no povoado de Dourado, próximo ao Distrito de Tabuleiro. Segundo sua filha Betânia, durante a mocidade trabalhou em Itaúna e Belo Horizonte em busca de uma vida melhor, pois desde a sua infância enfrentou muitos desafios para garantir a sobrevivência dela e dos seus irmãos mais novos.
Em Belo Horizonte carregou lata d’água na cabeça para abastecer a casa das famílias, foi o trabalho que encontrou na capital mineira. Sempre viu no matrimônio uma forma de se realizar e sonhava em se casar. A concretização do sonho veio quando conseguiu regressar à sua terra natal! Aos 27 anos, se casou com Sebastião Ferreira Malaquias, conhecido como Tião Bololô. Juntos constituíram uma família de 5 filhos: Elizabeth, Roberto, Maria Betânia, Marinalva (in memoriam) e Renata.
Dedicou-se parte da vida trabalhando em casa de família: arrumando, limpando, passando e cozinhando. No entanto, tinha como paixão a sua horta. Inclusive, falava com todos os amigos que queria fazer a sua passagem na horta, pois era o local onde encontrava a felicidade.
Com mãos calejadas do trabalho árduo que executou ao longo da vida, cozinhava de forma sublime e produzia doces caseiros delicados e saborosíssimos. Começou ajudando uma vizinha, mas aos poucos foi incrementando as receitas e incluindo os seus segredos culinários. Os doces da Tiana eram feitos de forma diferenciada, com muito amor e carinho.
Tiana do Doce foi sem dúvidas, uma conceicionense que deixou saudades em todos que tiveram o privilégio de conhecê-la.
Tiana
Rapadura é muito dura,
rapadura doce é…
e Tiana., só doçura,
um talento de mulher!
Tira da terra a verdura,
a força, de sua mão,
do tacho, o doce apura
e do doce, tira seu pão.
Corre aqui, acode lá,
até dormindo, vigia,
assunta se está no “ponto”
a noite, os sons, o dia,
se na pedra fria derrama
o milagre da mistura,
se corta em quadros, em trama,
se desandou a quentura.!?
Êta , mulher lutadeira,
trabalhadeira, leal,
que tira mel da canseira,
no insosso bota sal.
Da fornalha, no fogaréu,
No úmido sob o sobrado,
A lágrima virando mel,
A chama vira borralho.
Poema de Miguel Safe
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