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CMD, SEXTA-FEIRA 22.10.2021 - “O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes” (Cora Coralina). Muitos antigos que não possuem ensino superior nem títulos, costumam dizer que cursaram a faculdade da vida. A educação e os estudos realmente são importantes e valorosos, mas não diminuem a sabedoria dos que a adquiriram por maturidade e que com humildade transferem as ricas experiências. Para partilhar saber, hoje teremos em nossa série “Personalidade de Conceição”, Dona Neli Margarida.

Neli Margarida Guerra, nasceu no dia 25 de fevereiro de 1920, no distrito de Itacolomi, em Conceição do Mato Dentro. Filha dos saudosos Sr. Augusto Martins de Oliveira e Srª Erculina Cândida de Oliveira, passou a maior parte da vida no campo. “Tínhamos muitas dificuldades, mas éramos felizes. Eu tinha vários amigos, brincava e estudava, era bom demais. Meu pai trabalhava bastante, buscava lenha e trazia para a cidade para vender, também fazia farinha e rapaduras. Tudo para vender e tirar o nosso sustento”, recordou Dona Neli, acrescentando que teve 11 irmãos. “Infelizmente todos já são falecidos, sobrou somente eu”.

Ainda em Itacolomi, conheceu o falecido esposo Cassimiro Guerra de Souza, namoraram e se casaram em pouco tempo. “Construimos nossa família de oito filhos, tivemos a Maria do Rosário, Maria Rute, José Geraldo, Antônio Francisco e Dimas Tarcísio. A Maria Marta e dois recém-nascidos estão no céu”, contou Dona Neli. 

Pensando em dar melhores condições de vida e mais conforto aos filhos, o casal mudou-se para a sede de Conceição do Mato Dentro para que as crianças pudessem estudar. “Graças a Deus, todos se formaram. Agora estão casados, sou avó de 22 netos, 27 bisnetos e uma tataraneta. Família grande, não é mesmo”, gargalhou a nossa personagem.

Hoje com sorriso fácil, no passado, em muitos momentos, Dona Neli precisou driblar a tristeza para continuar sua trajetória. “Perdi meu esposo cedo e foi um período de muita tristeza, mas precisei ser forte, eu tinha que continuar cuidando dos meus filhos. Posso dizer que consegui com garra e esforço. Deu tudo certo!”, disse a senhora. Segundo ela, fez tudo que era necessário por sua família: “Lavei roupas para fora, plantei horta e, ainda, fazia doces, ou seja, fiz de tudo um pouquinho. Vendia as coisinhas e conseguia ajudar no sustento de meus filhos”, se orgulhou.

No alto dos 101 anos de idade, Dona Neli ainda é dona de casa e cuida das tarefas domésticas, dentro de suas limitações. “Não consigo fazer tudo, mas ainda faço o que posso. Agradeço a Deus todos os dias por tudo, sou uma pessoa muito religiosa, assisto todas as missas do dia, rezo os meus terços, alimento e durmo bem e sou lúcida. Ah... também faço caminhada em casa, devagarinho e no meu tempo. Como amo minha vida! Apesar de minha idade, ainda quero viver, viver e viver. Tenho saudades do que se foi, mas me sinto muito realizada com tudo que aconteceu em minha vida e agradeço por estar de pé. Uso de vez enquando uma cadeira de roda, mas é para descansar quando fico muito tempo em pé”, concluiu. 

Essa é uma singela homenagem da Prefeitura de Conceição do Mato Dentro à Dona Neli Margarida que esbanja 101 anos de muita superação e alegria de viver.

PREFEITURA DE CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO 
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