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OUT
15
15 OUT 2021
CULTURA
PERSONALIDADE DE CONCEIÇÃO: SEU ZÉ DE OLÍMPIO, A REFERÊNCIA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO BURACO
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CMD, SEXTA-FEIRA 15.10.2021 - “A resistência é o resultado de uma alma que não se conforma com o sofrimento, luta incansavelmente, superando as tribulações, vendo além das tempestades um caminho de luz e segurança. Essa alma cresce do tamanho de seus sonhos e vê nas dificuldades degraus para se alcançar a vitória almejada...” (Harold Wilson). Lá na comunidade quilombola do Buraco, tem várias pessoas que resistem, mas, sem dúvidas, o símbolo da resistência atende por Zé de Olímpio, o homem mais velho da localidade e inspiração dentro e fora dela. Por sua trajetória de tamanha importância para o município é o convidado da série Personalidade de Conceição de hoje.

Sr. José de Paula Maria da Silva, que vamos tratar como Seu Zé de Olímpio, afirma ter nascido no dia 17/02/1939, no distrito conceicionense de Três Barras, na comunidade quilombola do Buraco. “Sempre vivi aqui no Buraco, desde menino, sou filho de Maria Gerônima da Silva e Olímpio Pereira da Silva. O apelido Zé de Olímpio veio por conta do nome de meu pai. Se alguém chamar por Zé de Paula eu nem atendo, acostumei com Zé de Olímpio ”, brincou. 

Segundo Seu Zé de Olímpio, o pai dele e os tios foram uns dos primeiros moradores do Buraco e conta com orgulho. “Meu pai morava em Itacolomi, a localidade tinha o nome de Onça. Aí ele e os seus irmãos mais velhos Frederico e João Baiano fugiram para tentar uma vida nova e chegaram aqui no Buraco. Na mesma época, vieram Manuel Sabino, avô da minha esposa e o Zé Selivano primo da minha mãe. Até onde sei, esses foram os cinco primeiros moradores”, contou. Apesar de Seu Zé não deixar claro, a fuga das pessoas ainda era resquícios da escravidão e busca por liberdade. 

De sua infância, ele guarda recordações dolorosas, mas não lembra com tristeza e sim com alegria por hoje viver uma nova realidade. “Nós éramos 10 irmãos e eu o caçula deles. No momento, apenas eu estou vivo! Tenho pouca memória de minha mãe, ela morreu quando eu estava com seis anos. Meu pai trabalhava com serviço de roça para um homem chamado Joaquim Simões e meus irmãos mais velhos o acompanhavam. Era muito difícil, meu pai saía para trabalhar e nem alimentos a gente tinha, comia era banana cozida, moía cana, a cana às vezes estava até verde e comíamos porque era o que tinha em casa”. 

“Aqui sempre teve escola, mas eu não estudei, consigo mais ou menos assinar meu nome. Queria mesmo é trabalhar e aos nove anos, minha irmã Regina já trabalhava para um moço que chamava Seu Emílio. Ela me levou para plantar no arrozal e eu continuei por anos. Recebia quinhentos réis, um dinheiro que nem vale mais e ficava muito alegre, lá eu me sujava de barro, mas sempre muito satisfeito”, comemorou.

O tempo foi se passando e Seu Zé de Olímpio continuou na luta diária com a enxada e servido em outras fazendas, no entanto, a que mais o marcou foi a propriedade do Sr. Mússio Simões, onde trabalhou por 44 anos. “Ficava bem longe, mas eu ia e voltava a pé todos os dias e tinha disposição para plantar milho e cuidar da terra”. 

Casou-se com a mulher que brincava durante a infância. “Eu conhecia a Manuela desde criança e foi com aquela menina que eu brincava que me casei: Manuela dos Santos, conhecida aqui por Nelinha". E lá se vão mais de 60 anos de matrimônio desse casal inspirador. "São 18 netos e bisnetos tenho ‘quarenta e muitos’, todos moram aqui e se dão bem. Na verdade, no Buraco, somos todos parentes. A população começou com cinco pessoas e agora são mais de 52 famílias”.  

Apesar de estar aposentado, Seu Zé é um empreendedor nato e tem colocado em prática um ofício que vem se apaixonando desde os 18 anos de idade. Mesmo trabalhando com plantio, ele adquiriu habilidades artesanais, sobretudo nas confecções de balaios, esteiras e outros acessórios de taboca. “Eu fiz o primeiro de minha própria ideia, ia lá e tentava, não dava muito certo, mas com o tempo consegui. Aprendi que tem a lua certa para a produção, precisa ser a minguante”, contou Seu Zé de Olímpio dizendo ainda que recebe muitas encomendas e consegue complementar sua renda. 

Há cerca de uns seis anos, mesmo aposentado, a oportunidade de empreender com farinha de mandioca bateu em sua porta e Seu Zé logo deixou entrar. Foi um sucesso, juntos dos filhos homens, conseguiu vender para muitos estabelecimentos, porém, no momento não prioriza mais o mandiocal. Ele também cultiva uma horta exuberante em seu quintal e a produção é comercializada. “Eu vou muito à sede, tenho um 'negucinho' aqui e ali, vendo minhas verduras e resolvo outras questões por lá”. 

Homem de fé inabalável, Seu Zé de Olímpio ainda se dedica ao ministério de pastor em uma igreja evangélica pentecostal construída em seu quintal, cujo os cultos acontecem quarta, sexta e domingo. Rodeado de pessoas que o amam e principalmente de Dona Nelinha, ele diz não quer outra vida. “Levanto cedo, vou fazendo uma coisa ou outra e mexo até a noite. Pego as minhas encomendas, às vezes de artesanatos, outras vezes de verdura e vou tocando. Sou muito feliz no Buraco, nasci aqui e não pretendo sair, vou deixar os ossos nessa terra”, finalizou gargalhando. 

Essa é uma singela homenagem da Prefeitura de Conceição do Mato Dentro ao Sr. Zé de Olímpio, o homem com mais idade dentro da comunidade quilombola do Buraco. Contar a história dele é motivo de muita honra, é reviver o período pós-escravidão e a luta pela verdadeira liberdade e independência do povo negro. Eles seguem com resistência, coragem e muito amor!

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