Desde 2005, aulas gratuitas de Jiu Jitsu ajudam a recuperar jovens da adolescência problemática, inserem crianças num mundo de disciplina e incentiva adultos a buscar maneiras saudáveis de fugir do estresse. O projeto social do Mestre Cristiano Lazzarini, conhecido no mundo da luta como “Titi”, que conta com o apoio da Prefeitura Municipal, atualmente atrai cerca de 80 alunos com idade a partir de cinco anos de ambos os sexos e já revelou campeões em diferentes categorias.
À frente do projeto em Conceição do Mato Dentro está o instrutor Eduardo Oliveira, o “Du”. Ele, que admite ter sido um adolescente rebelde, disse ter se encontrado no Jiu Jitsu e hoje luta diariamente pelo seu objetivo maior: tirar os jovens das drogas. Du diz que os planos de se tornar mestre estão descartados por enquanto. A justificativa? “Este caminho me exigiria muito tempo, impossibilitando-me de voluntariar. E eu não quero parar. Meu maior prêmio é poder contribuir com a rapaziada”. E ele ainda conta com muita satisfação e um largo sorriso no rosto que hoje já tem aluno com graduação maior que a dele. “Se o aluno supera o professor, é porque o professor está ensinando bem” (risos).
E as aulas são tão boas que Alex Costa, 20, comparece em todos os horários mesmo sem poder treinar. Impossibilitado de lutar porque ainda se encontra em recuperação de um acidente que sofreu há dois meses, o faixa azul não quer deixar de aprender. “Eu fico de olho nas posições. Sempre tem alguma coisa nova”, explica. Campeão quatro vezes, Costa diz que uma das maiores lições aprendidas no tatame está além dos movimentos técnicos. “O mestre nos ensina que o segredo para vencer é ter paciência e pensar antes de agir”, o que ele afirma estar aplicando também na luta da vida.
Outro campeão, Camilo Veronese, 23, sempre gostou de esporte, mas foi no Jiu Jitsu que despontou a paixão. “Além de ser uma arte milenar, o que muito me fascina, o Jiu Jitsu é bom para o preparo físico, saúde e bem-estar”, diz o lutador que completa explicando que o que diferencia o Jiu Jitsu dos demais esportes é a conduta que se exige, refletindo numa melhor postura social.
O também campeão Miguel Marques, 23, compartilha da ideia dos colegas e fala do respeito ao próximo: “O fato de nos curvarmos diante do outro lutador, nos coloca numa relação de igualdade, não importando idade ou sexo”, explicou. Ele que nem sabia o que era esse tal de Jiu Jitsu quando leu uma faixa indicando o projeto, encontrou no esporte um novo rumo e um incentivo para perder peso. Hoje 10 quilos mais magro e com grande autoestima, o menino da roça não se vê mais longe do tatame. “O Jiu Jitsu te dá uma noção de tudo o que acontece ao seu redor, independe de onde estejamos. Isso é muito bom!”
Sobre Titi
Titi é mineiro e passou grande parte de sua vida em Conceição do Mato Dentro, daí o motivo para querer contribuir com esta sociedade. Ele encontrou em Du um grande parceiro para disseminar a cultura do tatame e periodicamente assiste às aulas para garantir que seu projeto está sendo bem desempenhado. Segundo Du, esta participação mais próxima de Cristiano é fundamental para garantir a formação dos alunos. “Eu desempenho o trabalho bruto e o Titi vem para lapidar”, declara.
Principais conquistas de Titi:
• Campeão Mundial (2001 marrom – IBJJF)
• Campeão Pan-americano (2000* marrom, 1998 roxa)
• Campeão Brasileiro (1997 azul)
• 2x Campeão do Submission de Campos
• Campeão da Seletiva do ADCC – Brasil (2007)
• Campeão Brasileiro da Liga (marrom)
• Medalha de Prata no Pan-americano (1998 azul)
• Medalha de Bronze no Brasileiro (1999 roxa)
• 3º Lugar na Seletiva do ADCC – Brasil (2011)
• Medalha de Bronze no Mundial de No Gi (2007 & 2008 preta, absoluto)
* Fechou categoria com companheiro de equipe
O projeto é viabilizado, primeiramente, pela dedicação de Cristiano e Eduardo e pelo apoio do município que cede espaço, o tatame e o transporte dos alunos.
