CMD, SEXTA-FEIRA 10.11.2021 - "Vou virar benzedeira, quem quiser que venha. Da minha alma veio minha cura pra eu poder ajudar você. Do meu rezo vem meu amor pra sua alma o amor receber. De cada elemento vem a energia pro meu rezo virar meu benzer." Fernanda Groppo (benzedeira). Quem nunca passou pelo menos uma vez em uma benzedeira nessa vida? Antigamente, bastava o bebê nascer para que fosse levado à uma benzedeira e espantar o meu olhado.
Em Conceição, benzer não apenas bebê, mas todos que desejam de proteção, faz parte da história e do saber conceicionense. A Dona Noeme é conhecida por benzer a todos que batem à sua porta com muito amor e é por isso que hoje está aqui no quadro personalidade de Conceição.
Noeme Matilde dos Santos, nasceu no dia 27 de fevereiro de 1942, em Conceição do Mato Dentro. É filha dos saudosos Sr. José Rafael de Souza e da Srª Maria Benedita dos Santos. "A minha infância e juventude foi toda na roça. Sou muito grata por tudo! Meu pai faleceu com 78 anos e minha mãe com 76, eles sempre estiveram comigo até depois que me casei", contou.
Constituir uma família sempre foi o sonho da dona Noeme e aos 27 conseguiu realizá-lo. "Fiz um bom casamento com o Geraldo Félix dos Santos, conhecido como Geraldo Berilo. Nós tivemos uma família numerosa, foram oito filhos: José, Geraldo, Maria Aparecida, Sílvio, Sebastião, Darlene, Antônio e Sandra. Eles nos deram 10 netos: Fabiane, Laiane, Aparecida, Estéfane, Mayla, Farley, Sofia, Lara, Taísa e Julia. E, cinco bisnetos: Ana Lívia, Ana Elisa, Ana Eloiza, Vilma e Kauã", detalhou dona Noeme.
Apesar de ter gosto pela roça e os trabalhos do campo, Dona Noeme e o seu esposo Seu Geraldo Berilo se viram diante de uma situação que os fizeram mudar de lá. Com os filhos já de idade, precisaram ir para a sede de Conceição buscar estudos para os filhos. "Quando me casei, morava perto de meus pais e quando resolvemos ir para a cidade, eles foram junto e também encontraram uma casa em Conceição. Nós sempre fomos amigos inseparáveis até o dia que Deus resolveu levá-los", recordou.
Dificuldade era uma palavra que fazia parte da vida de Dona Noeme, mas a perseverança sempre prevaleceu. "Foram tempos difíceis, mas nós vencemos, não pedíamos nada a ninguém, enfrentamos tudo com muito trabalho. Quando estávamos na roça vínhamos sempre para trazer um menino ao médico, era aquela luta, quando chegamos na cidade, descobrimos outros problemas como a necessidade de muitas coisas, mesmo assim vencemos", sorriu.
"Tem cinco anos que Deus levou meu marido, infelizmente. Mas eu continuo fazendo o meu trabalho, mexendo com urucum, tempero, pano de prato e roupa. Essas tarefas me ajudam a passar o tempo e faz um dinheirinho entrar. É muito bom, deixa minha mente ocupada também", comemorou.
Bondosa e cheia de amor ao próximo, nossa personagem também é uma das benzedeiras mais famosas da cidade. Benze as pessoas de quebrante, mau olhado, vento caído, cobreiro, espinhela caída e reza por todos que precisam e pedem. "Eu não vou na casa das pessoas benzer, então quem chega aqui necessitado eu benzo. Tenho muita fé em Nossa Senhora Aparecida, antes de começar o dia peço proteção aos santos", se emocionou.
Mesmo após alguns problemas de saúde que a impossibilitou de andar, Dona Noeme não deixou de realizar os seus afazeres que adora. "Como eu disse, costuro, faço tempero caseiro e urucum, além de benzer. Hoje vivo com uma das minhas filhas e os meus outros filhos estão sempre aqui para me visitar com muito amor. Estou com 79 anos e nunca desanimo, costumo dizer que tudo com Deus passa", finalizou.
Essa é uma singela homenagem da Prefeitura de Conceição do Mato Dentro à Dona Noeme, essa senhora meiga, que está sempre pronta a ajudar, distribuindo amor para curar feridas.
PREFEITURA DE CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO
JUNTOS POR UM NOVO TEMPO
Fonte: SECRETARIA DE CULTURA
Autor: PREFEITURA DE CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO
Local: CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO